segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Tarte Tatin




Mais uma vez volto com a incerteza da origem de uma receita. No fundinho, acho que até gosto disto. Adoro imaginar a situação, o dia, o olhar de quem fazia aquilo em uma época distante. Romantizar isso torna a receita mais poética e sendo assim, tudo fica mais bonito e prazeroso. Às vezes aplico isso na vida. Poesia muda o olhar, muda a intensidade dos sentimentos, na verdade, aflora o amor e sem amor, impossível viver. Pelo menos pra mim, que sou movido por ele.
Acredito na historia mais clássica, que vou contar a seguir, talvez não seja a verdadeira, pois existem relatos de ‘’tortas invertidas’’ mais antigas. Mas finjo que acredito, pois acho que faz diferença no final, trazendo um pouquinho de magia.
A cidade Lamotte-Beuvron fica no vale do Loire ao Sul de Orleans. A família Tatin era proprietária de um hotel na cidade e após o falecimento do pai, as filhas Caroline e Stephanie, as famosas (nos dias de hoje) irmãs Tatin, assumiram a administração do hotel, ficando a cozinha por conta de Stephanie. A torta de maçã já era clássica no hotel, reza a lenda que em um dia de muito movimento, Stephanie colocou as maçãs  para assar e esqueceu da massa. Rapidamente retirou as maçãs do forno e cobriu com a massa, mesmo assim voltou ao forno. Quando a massa já estava dourada ela retirou e desenformou. Percebeu que tinha ficado linda e resolveu servir assim mesmo. A torta foi pra mesa ainda quente e fez muito sucesso. Tempos depois, a receita chegou a Paris e coube ao restaurante Maxim’s serví-la e assim continuar a história das irmãs Tatin.



Lendas ou verdades à parte, a torta é uma delicia, além de ser muito fácil de fazer. Essa, a seguir, fiz num final de tarde, onde recebia em casa uma queridíssima amiga. Para colocar o papo em dia e acompanhar a gostosura, nada melhor que um Kir Royal tipicamente francês. Foi assim que fomos bebericando, conversando e preparando essa receita sem amarras, como deve ser a amizade.


TARTE TATIN
Ingredientes
Recheio
160g de açúcar
8 maçãs cortadas em fatias médias (sem casca e sementes)
4 colheres de manteiga

Massa

180g de farinha de trigo
100g açúcar
100g manteiga em pedaços pequenos
Água gelada

Modo de preparo da massa
Misture a farinha peneirada com o açúcar e a manteiga até ficar uma mistura uniforme. Acrescente algumas colheres de água até ficar uma massa firme. Embrulhe em plástico filme e deixe na geladeira por 2 horas.
Modo de preparo do recheio
Utilize uma frigideira que possa ir ao forno e espalhe o açúcar em toda sua superfície. Acomode as fatias de maçãs sobre o açúcar e espalhe a manteiga sobre elas. Leve ao forno médio/baixo por meia hora ou até caramelizar. Deixe esfriar e acrescente a massa já aberta sobre as massas e volte ao forno até dourar a massa.
Desenforme e sirva ainda quente



Que fiquem todos os sabores e lembranças em nossos corações. Beijos para as irmãs Tatin!!!



terça-feira, 4 de setembro de 2012

Piquenique



Domingo de sol e visita de uma amiga que veio de São Paulo para passar o fim de semana. Consequência? Um piquenique delicioso. Ideia dela para aproveitarmos o céu azul e o calor que só os ribeirão-pretanos conhecem. 




Planejamos tudo no dia anterior, o que foi ótimo para  fazer as compras: tecidos para as toalhas e bandeirinhas, tules para cobrir a comida e flores de tecido para improvisar a aridez das praças de nossa cidade. No supermercado e na quitanda resolvemos praticamente todo o menu. Tudo comprado, corremos pra casa e preparamos as comidinhas, escutando muito jazz e outras musicas que ela sempre traz nas mangas.




Pedi pra minha mãe fazer uma torta/pão de queijo que fica deliciosa e tem gostinho de infância, também fucei na net e fiquei curioso com uma receita de muffin de fubá com morangos. Achei que Wrap com queijo, ervas e alface seria uma boa ideia, o sanduiche de roquefort com agrião no pão de cenoura também ficou interessante. Brigadeiros de colher sempre fazem sucesso. Ahhh, teve também um tabule de quinua para os naturebas de plantão. Bolo de maça com passas, pães, frutas e queijos fecharam o cardápio. Ufaaa, nem percebi que tinha tanta coisa... Acho que empolguei, como sempre.




No domingo, logo cedinho, carregamos o carro e fomos à busca de um lugar para atracarmos. Algumas voltas e encontramos uma praça tranquila em um bairro mais tranquilo ainda. No começo, o piquenique estava com cara de mudança. Tapetes, puffs, caixas, mesas e outros “mimos”  brotavam dos carros. Mas vale lembrar que levamos varias caixinhas para colocar todo o lixo e deixar a praça limpinha no final.




As cores ficam mais bonitas ao ar livre, os sorrisos, o carinho, a cumplicidade, os amigos reunidos não tem preço. O melhor de tudo é a energia que a terra emana e contagia todos ao redor.




Queria que todas as reuniões tivesse esse clima despretensioso. Passamos um domingo delicioso. Regado a muito suco, agua de coco, vinhos e espumantes para brindar a vida. Afinal, não é qualquer domingo que podemos viver isso!
Que fiquem as cores, a vontade de repetir tudo isso e mais uma "foto de família":


Dona Matilde aposta no rabo de raposa e diz que é tendência para um piquenique primaveril!


Beijos e abraços animados!!!

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Spaghetti alla Carbonara



O tempo limpa a alma, o tempo traz o entusiasmo que às vezes perdemos, o tempo mostra que a pausa é necessária. Muitas vezes, permito-me a esse tempo, mas como diz o nosso poeta “marginal”: “O tempo não Para”.

Lembrando disso, volto a escrever e compartilhar umas das coisas que mais me dá prazer na vida, que é comer. Muitas vezes, consequência do meu fazer. Deixei de postar momentos, pratos, dicas e outras coisas que passaram durante alguns meses que fiquei ausente. Alguns  eu registrei e pretendo postar. Outros, perderam-se no caminho.

Volto com uma receita que adoro, pois além de muito prática, o sabor e a história muito me encanta: O spaghetti alla carbonara!

Existem indícios que a origem da receita data da Roma Antiga e seu nome vem de carbone que é carvão em italiano. A origem do nome também é obscura. Alguns dados mostram que o prato era preparado por trabalhadores de minas de carvão vegetal, outros dizem que o nome vem da cor, por conta da pimenta preta moída usada no preparo, eu acho essa segunda hipótese pouco provável.

A receita original levava somente queijo, toucinho, ovos e pimenta. A adição de creme de leite é de origem anglo-americana. Lembrando que, a essência da receita é a mesma nos dois preparos: o cozimento dos ovos apenas com o calor da massa.



Depois da massa preparada, tudo fica pronto em poucos minutos.

Segue abaixo a minha versão:

Ingredientes para 500gr de Spaghetti:

300gr pancetta
5 ovos
200ml de creme de leite fresco
Pimenta do reino ralada na hora
Parmesão ralado

Modo de preparo:

Frite a pancetta até que fique crocante, reserve. Misture os ovos com o parmesão e a pimenta do reino, reserve. Cozinhe o spaghetti al dente e imediatamente misture a pancetta e os ovos com o spaghetti quente. Acrescente o creme de leite e sirva com parmesão ralado.



Beijos e muitos abraços temperados!!!

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Referências Potiguares.

Era um jantar especial. Pois receberia “oficialmente” uma amiga que foi morar na terra da rainha e está de volta ao Brasil, depois de seis anos.  É amiga de longa data e quando ela foi embora de Ribeirão Preto, sua família ainda morava aqui. Logo depois, a família largou tudo e foi viver na praia, lá no Nordeste. Especificamente em São Miguel do Gostoso-RN. Não sei o porquê, senti vontade de preparar um jantar com algumas referencias do Rio grande do Norte. Talvez isso me faz lembrar da família, que eu tanto sinto saudades.
Quem nasce no Rio Grande do Norte é chamado de POTIGUAR, que vem do tupi e quer dizer “comedor de camarão”. Sendo assim, camarão era fato consumado no jantar. Gostaria de usar alguns ingredientes típicos também. Câmara Cascudo me ajudou na pesquisa, já pensei em falar sobre ele aqui no blog, mas o dito cujo, merece um post exclusivo.
Queria montar uma mesa para dois e lembrei-me de um tecido LINDOOOO da AGain, que um amigo usou em uma de nossas confrarias. A estampa de bananas tem a cara daquela região e achei que ficou ótimo no contexto:

Durante minha pequena pesquisa, fiquei intrigado com um caldo que denomina-se “cabeça de galo” é típico do nordeste e tem a função, para eles, de curar a ressaca. Os ingredientes eram simples e extremamente “fortificantes”. O que foi ótimo, minha amiga estava passando, coincidentemente, por uma leve ressaca.  Escolhi para servir de entrada. O caldo é feito com cebola, alho, pimentão, tomate, farinha de mandioca e ovos. Surpreendi-me com o sabor, achei delicioso. Depois fiquei pensando que a abóbora, jerimum para eles, daria um toque interessante no prato:

Já tinha escolhido camarão para o prato principal e queria mais algum ingrediente típico, claro que optei pelo caju e saiu: arroz cremoso de camarão com caju. Tinha pensado em fazer o prato com arroz vermelho, muito comum na região. Mas o cozimento é demorado e não daria a cremosidade que eu queria. Achei a “cochambrança” interessante:

Pensei em algumas sobremesas e gostaria de usar macaxeira e carambola. Pensei, pensei, pensei  e resultou em uma Mousse de macaxeira com calda de carambola. Particularmente, achei interessante e “ponto”. Camila Romano adorou, falou que foi o melhor dos pratos:

Com tudo, quase matamos nossa saudade, foi uma noite deliciosa, clima agradável, onde me fez lembrar os tempos de outrora. Que delícia viver!!!
Beijos e abraços temperados.


quinta-feira, 12 de abril de 2012

Jantarzinho prático e rápido.



Não é só de conceito e novidade que vive uma cozinha. Não estou falando da nova onda “Comfort food”, mas a carapuça também serve. Estou falando de quando dá aquela vontade danada de comer pizza de tomate seco com rúcula, filé Chateaubriand, carne seca com abóbora,  queijo com goiabada e tantas outras combinações que permeiam nossas memórias e paladares. Bobo que sou, às vezes tenho vergonha na hora de servir alguma dessas. Não deveria! Faz parte da nossa história e a maioria dá muito certo.
Divaguei um pouco para falar de um jantarzinho que servi em casa um dia desses. Dia que amigos ligaram querendo ir para casa beber e conversar um pouquinho. Como sempre, fico atiçado e tenho que correr para cozinha. Mas esse dia eu queria curtir um pouco mais a mesa. Portanto, procurei ser prático e veio em minha memória um monte de receita pronta e combinações clichês que eu ainda gosto.
Tentei não perder tempo no supermercado e me virar com o que tinha na despensa e geladeira. Só tive que passar na quitanda e pegar algo para a salada. Sorte a minha, encontrei uma folhinha de beterraba baby linda e outros ingredientes que no final quase saiu uma Salada Waldorf, só que reinventada. Simples, rápido e bem gostoso pelo contexto:

Tinha um linguado na geladeira e lembrei-me de um risoto que um amigo me pedia para fazer há tempos. Voei para o clichê e fiz linguado em crosta de castanhas, acompanhado de risoto de pêra com gorgonzola:

Pessoal, posso me esconder debaixo da mesa agora? Servi sorvete na sobremesa! Eu odeio ir a um restaurante e tomar sorvete no lugar de sobremesa. Olho até com preconceito o cardápio que estampa o gelado em sua seção “Desserts”.  Mas (tentando justificar), aqui na minha cidade, Ribeirão Preto, tem uma sorveteria bastante tradicional e com uma qualidade incrível, difícil de ser encontrada em muitas outras por ai. O sorvete de lá é ótimo, sem nenhum conservante e outros aditivos dos tempos modernos. Apelei para o sorvete de goiaba, que pra mim, é o melhor de lá. É a própria fruta em outro estado. Servi com queijo cremoso e hortelã. Apesar de simples, ficou ótimo:

No final das contas, pude aproveitar um pouco mais a conversa agradável, todos os meus camaradas em volta da mesa e comer pratos que estava com vontade e não fazia há tempos.
Beijos e abraços temperados!!!

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Degustando Pina Bausch.

Misto de claro e escuro, cheio e vazio, completo e nada.  Para entrar no universo de Pina é preciso um pouco de feitiçaria. Conheci Pina faz poucos anos e desde então fiquei enfeitiçado por aquela mulher magra, de semblante doce e forte ao mesmo tempo. Nunca tive a oportunidade de ver ao vivo um de seus ESPETÁCULOS, mas os mesmos estavam circulando na minha mente.
Inspirado pelo filme de Wim Wenders, “PINA”, não tive dúvidas: Pina Bausch merecia um jantar. O filme é lindo e mostra um pouquinho das criações da bailarina. Resolvi pesquisar um pouco mais e criar o jantar. Não a partir do filme, e sim do que me tocava quando lembrava de Pina Bausch.
Queria um menu que lembrasse as criações da artista. Busquei os riscos, emoções, medos, sonhos e tudo que pode tocar qualquer mortal. Acabei criando-o a partir dos principais espetáculos de Pina (Rough Cut / Acqua / Lenda de Castidade / Vem, Dança Comigo / Café Muller).
Quando quero uma coisa, quero logo (para variar). Não tinha muito tempo para fazer o jantar (também para variar). Dessa vez, o jantar foi na minha casa e queria que os poucos convidados tivessem algum conhecimento sobre a artista. Tentei ambientar com o mínimo de elementos, marca registrada de Pina. Quando os convidados chegaram, encontraram as
cadeiras do Café Muller, no chão:



Apaixonado pela artista que sou, já tinha alguma coisa do serviço inspirado nela. No ano 2010 o estilista Ronaldo Fraga criou peças para uma rede de lojas, não resisti e usei algumas no serviço:



No amouse, queria algo que lembrasse o meu primeiro contato com Pina. Diferente ao meu paladar, algo nunca antes sentido: um estranhamento. Condicionado ao espetáculo Rough Cout, inspirado na Coréia do Sul, servi Kimchi, que é uma conserva de repolho ou acelga, típica do país e presente em quase todas as refeições dos coreanos. Realmente é diferente, muito condimentada e, a princípio, estranho ao nosso paladar. Era o que eu queria para iniciar o jantar:



A entrada fez referência ao espetáculo Acqua, inspirado no Brasil. Queria uma cor vibrante e ingredientes que lembrassem o país. Mousseline de abóbora com carne seca:



O primeiro prato foi inspirado no espetáculo Lenda de Castidade. Fiz uma brincadeira com o tema e servi um prato com ingredientes “afrodisíacos”, contrapondo a castidade. Vieiras com açafrão e molho hollandaise com mel:



O segundo prato levou o titulo do espetáculo “Vem, dança comigo”. Foi realmente um convite. Os ingredientes típicos alemães foram dispostos no aparador: carne suína com seu próprio molho, calda de cerveja, ervas,  especiarias, mostarda e purê de maçã:




Cada comensal tinha que montar o seu prato. O elemento humano era o mais importante na situação. Os riscos, medos e anseios eram para ser dispostos ali. Observei que a maioria tentou usar todos os ingredientes dispostos. O resultado foi bem parecido na maioria dos pratos:



A sobremesa referenciava uma de suas mais famosas e importantes criações o “Café Muller”. Foi o espetáculo de Pina que mais me tocou. Queria que todos se envolvesse com a referência das cadeiras solitárias no início e resolvesse a solidão no final, com o próximo. Com isso, todos dividiram o mesmo prato. Rote Grünze é um prato típico da região de Wuppertal, cidade natal de Pina. Uma geléia caseira de frutas vermelhas, que geralmente é servida com creme de baunilha. Confesso que a simplicidade fez sucesso e foi uma delícia ver todos com sua colher dividindo o mesmo prato. Lembrando que o vermelho evoca o amor:



Que Pina continue permeando nossos sonhos e fantasias. Que o novo, o inédito, o espetacular... sempre estejam presentes nos nossos dias. Que o amor seja lembrado em cada gesto, em cada dor e que continuemos sempre assim:
AMANDO!!!
Acho que cada pessoa tem de descobrir isso por si só. Não se pode dar conselhos. Cada um tem sua maneira de coreografar. Claro que é muito bonito ter uma riqueza variada de possibilidades, alguma coisa ligando as diferentes artes. Mas não sei dizer se é ou não a melhor forma, podem ser muitas coisas juntas em harmonia. Formar escolas é perigoso, porque breca a fantasia. Me parece importante que as pessoas mudem os momentos de suas vidas. O sentimento sobre o que está acontecendo no mundo é sempre um novo momento.Pina Bausch

terça-feira, 20 de março de 2012

Gostinho de Paris!!!

Sempre é um prazer cozinhar na casa do André Peixoto. Além disso, estava junto alguns queridos que fazem parte da minha vida. O jantar foi decidido de última hora, como sempre. Estava morrendo de vontade de comer Boeuf Bourguignon e também lembrei do Ovo Molett que um outro amigo comentou comigo aqui pela internet. Sendo assim, ficou fácil decidir o menu, pois tinha que ser fácil, rápido e com a cara da França.
Enquanto eu lutava com os ovos na cozinha, que por sinal é um teste de paciência, todos participavam do mise en place na sala.

A entrada foi o Ovo Mollet acompanhado de cogumelos e torrada. É um clássico do Restaurante Le Jazz em São Paulo, e fica delicioso para quem gosta de ovo. Crocante por fora e bem molinho por dentro. Aí está o desafio, se bobear na hora de descascar, você fura o ovo e volta a estaca zero.

O prato principal foi o Boeuf Bourguignon, que eu estava morrendo de vontade. Dessa vez, fiz a receita do livro da Júlia Child e ficou mais gostoso ainda. Só não admito Boeuf Bourguignon feito com filé mignon. Acho que o prato tem que ser feito com uma carne mais saborosa, ainda mais que o cozimento é lento, possibilitando assim usar músculo, que fica DIVINO.  A apresentação do prato não ficou tão bacana, mas o sabor camuflou isso.

De sobremesa, o clássico Crepe Suzzete servido com sorbet de laranja. Foi o prato que menos me agradou no jantar. Acho que a calda passou um pouquinho do ponto e não ficou tão suave quanto deveria.

No final, uma noite deliciosa, regada a muitas conversas, música,  histórias e vinhos.
 Vive la France !!!

Fotos: Fernando Oliveira

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Creme Vichyssoise




Talvez esteja na simplicidade o sentido da complexidade. Assim como a beleza e os prazeres da vida, a gastronomia se revela em muita coisa simples. Um dos cremes mais simples e clássicos da gastronomia não passa despercebido ao paladar. Marcante, de textura única e de uma delicadeza ímpar, ele impera até os dias de hoje.

O nome Vichyssoise vem de uma região na França, Vichy. Como na maioria das receitas, existe controvérsias quanto a sua criação. Há relatos de que foi criado pelo chef francês Jules Gouffé. Ele publicou a receita no livro Royal Cookery em 1869. Mas o mais comum é ouvirmos falar que foi criado pelo Che Louis Diat, no Hotel Ritz-Carton de Nova York em 1917. Ele diz que o creme tem inspiração nos assaltos noturnos de sua geladeira, onde comia um creme de batatas com alho poró frio.

Eu, particularmente, acho o creme pesado para o nosso verão. Mesmo servido frio, tem caldo de galinha e creme de leite. Mas não deixaria de saborear nem no deserto do Saara. Existem várias adaptações da receita e uma que fica ótima é trocar a batata por couve flor.

O preparo é simples, rápido e faz bonito naqueles dias corridos. Vamos lá:


Creme Vichyssoise

Ingredientes:

2 colheres de sopa de manteiga
1 alhó poró fatiado
200g de batatas cortadas em cubo
750ml de caldo de galinha (caseiro, por favor)
1 bouquet garni pequeno (louro, tomilho e salsa)
120ml de nata ou creme de leite fresco

Modo de preparo:

Refogue o alho poró na manteiga durante 10 minutos. Acrescente a batata, o caldo de galinha e o bouquet garni. Deixe cozinhar de 30 à 40 minutos. Tire do fogo e bata no liquidificador. Volte ao fogo, acrescente o creme de leite e deixe cozinhar, mexendo sempre, até levantar fervura. Retire do fogo, espere esfriar e leve para geladeira por aproximadamente 2 horas. Na hora de servir coloque cebolinha picada por cima. Prefiro colocar algumas ervinhas para ficar mais bonito e colorido.


Beijos e abraços acalorados!!!

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

UM PÉ NAS ARÁBIAS.

Tudo começou com o risoto de cordeiro, que já vem me acompanhando por algum tempo. Estou meio viciado nesse risoto e adoro fazer para quem ainda não comeu. Era o caso de um casal de amigos. Gostaria de fazer este jantarzinho para agradecer a amizade e outras coisinhas que só amigos especiais fazem e o melhor, são tão discretos que você quase nem percebe. Eu, detalhista que sou, dou muito valor a pequenas coisas e tento sempre retribuir com carinho, atenção, cuidado... Coisas que temos que ter cautela para não serem extintas nos dias de hoje.

Defini a entrada e sobremesa a partir do risoto de cordeiro. Queria alguma “pegada” arábe e lembrei do ceviche de quinua da Roberta Sudbrack. Fiz algumas adaptações e virou um tabule de quinua com camarão, pepino, tomate, hortelã, aspargos e muitoooo azeite:




Adorei o resultado, super leve e refrescante para receber depois um prato mais “pesado”: o Risoto de Cordeiro. Fiz questão de deixar a carne marinar por 12 horas, com bastante ervas e especiarias. Cozinhei em baixa temperatura por mais 6 horas.  Usei o caldo da marinada e cozimento para o risoto. Com isso, permitiu um sabor marcante das ervas no prato. A calda de laranja também é simples. Reduzi o suco de laranja com um pouco de caldo de cordeiro e açúcar. Tentamos usar a louça do serviço com a mesma “pegada” Arábe. Acho que ficou bonito:


A sobremesa foi um caso a parte, pois eu queria somente alguma referência Arábe. Pensei no Malabie, que é um doce feito com farinha de arroz e Miski, uma resina vegetal, conseguida através da perfuração da casca da Aroeira. Somente as Aroeiras da ilha grega de Chios produzem o Miski. Sua origem é controlada. Além de ser usado na culinária, também é usado como goma de mascar há 2400 anos e para cosméticos pelos povos egípcios.

Coloquei só um pouquinho de miski e acrescentei queijo cremoso. Fiz a geléia de damasco no mesmo dia. Servi em taças de martini e ficou interessante:





É uma sobremesa gelada, acho que também ficaria ótimo com a geléia quente por cima.
É carnaval e prometo voltar com alguma receita refrescante para enfrentarmos a folia.

Beijos e abraços árabes. Ops, acho que beijos e abraços carnavalescos cabem mais ao momento.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Quiche Lorraine



Acho que estou "afrancesado" por esses dias. Só penso na França e seus clássicos. Ontem me deu uma vontade danada de Quiche Lorraine. Como não fico feliz em passar vontades, corri pra cozinha.

Lorraine é uma região do nordeste da França, que no Reino Medieval, pertencia a Alemanha. A origem da quiche data dessa época, só que a receita original não levava queijo no seu recheio. Já tentei fazer sem o queijo, mas com ele fica bem mais gostoso.

 
Quiche Lorraine:


Massa:

Ingredientes:

250 g de farinha de trigo
125 g de manteiga
1 ovo
1 colher (chá) de água
sal a gosto
manteiga e farinha de trigo para untar e enfarinhar

Modo de Preparo:

1. Numa tigela, adicione todos os ingredientes e misture bem com as mãos até obter uma massa homogênea. Modele uma bola com a massa.
2. Embrulhe a massa em filme e leve à geladeira por 10 minutos.
3. Numa superfície lisa e enfarinhada, abra a massa com o auxílio de um rolo.
4. Em seguida, unte e enfarinhe uma fôrma de 20 cm de diâmetro. Forre o fundo e as laterais da fôrma com a massa.

Recheio:

Ingredientes:

1 xícara (chá) de leite
1 xícara (chá) de creme de leite fresco
4 ovos
80 g de bacon em cubinhos
80 g de queijo gruyère
sal e pimenta-do-reino a gosto

Modo de Preparo:

1. Preaqueça o forno a 180°C (temperatura média).
2. Numa tigela, junte os ovos, o leite e o creme de leite e bata com um fouet (batedor de arame) até ficar homogêneo.
3. Tempere com sal e pimenta a gosto.
4. Numa panela, de preferência antiaderente, leve o bacon em cubinhos ao fogo médio por 3 minutos.
5. Retire do fogo, escorra a gordura e reserve.
6. Rale o queijo gruyère em ralo grosso. Reserve.
7. Cubra a massa com o queijo gruyère ralado, o bacon e o creme de ovos, separadamente, seguindo esta ordem.
8. Leve ao forno para assar por 30 minutos, ou até que a superfície fique dourada.
9. Retire do forno e sirva a seguir.



Bon appétit!!!










terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Torta de Limão à francesa


Toda dieta que se preza precisa de uma crise de abstinência e para a tal crise, nada coma uma torta de limão. Sim, não dei conta e precisava de um doce gostoso, confortante e rápido.

Não pensei em outro blog para pesquisar o que eu queria, a não ser o “A Cozinha Coletiva” do simpático Richie. Sou suspeito para falar do blog dele, sempre com fotos lindas e receitas mais que provocantes. Quando passei os olhos por essa torta, que eu já tinha visto antes, não tive dúvidas. Ela ainda permeava os meus sonhos mais íntimos.

A receita é facílima, não por ser dividida em fascículos como diz Dona Edith. Kkkkkkk

Fucei na despensa e geladeira, e o único ingrediente que não tinha, era o limão siciliano. Fui ao mercado e encontrei uma cesta com um limão mais lindo que o outro. Com água na boca, corri pra casa e mãos a obra.


 
Vou colocar abaixo a mesma receita que está no blog do Richie e posso afirmar que não tem erros. Eu usei ovos caipiras para o meu creme ficar mais amarelo e bonito como o dele. Quase consegui!!!



TORTA MERENGUE DE LIMÃO
Ingredientes da Massa Brisée:


250 g. de farinha de trigo;
125 g. de manteiga picada;
125 g. de açúcar;
1 ovo.


Preparo da Massa Brisée:


Misture a farinha peneirada com o açúcar, e forme uma depressão no centro da tigela. Adicione o ovo e a manteiga amolecida no centro. Amasse com as mãos o suficiente para dar liga (não amasse demais).
Forme uma bola achatada com a massa, embrulhe em filme plástico e leve à geladeira por meia hora.
Abre a massa sobre o fundo e as laterais de uma fôrma de tortas de 22cm de diâmetro e 3 de altura, furando-a com um garfo. Leve à geladeira por 15 minutos.
Asse em forno preaquecido a 180 graus por 25 minutos até dourar.
Reserve.


Ingredientes do Recheio:

1/2 xícara de suco de limão siciliano;
Raspas de 2 limões sicilianos;
100g de açúcar;
4 gemas;
3 colheres de sopa de maizena;
1 colher de sopa [15g] de manteiga.

Preparo do Recheio:

Coloque o suco de limão em um copo de medida e complete com água até chegar em 300ml. Despeje em uma panela, adicione as raspas e o açúcar e leve ao fogo até o açúcar dissolver completamente.
Dissolva a maizena em um pouquinho de água e adicione à mistura ainda no fogo, cozinhando até ferver e engrossar.
Retire do fogo, deixe esfriar levemente e adicione as gemas peneiradas, batendo vigorosamente (cuidado para elas não cozinharem e formarem grânulos). Por último, adicione a manteiga e mexa até derreter. Recheie a massa já assada com esse creme.

Ingredientes da Cobertura:

4 claras;
200g de açúcar.

Preparo da Cobertura:

Bata as claras em neve, adicionando o açúcar às colheradas até formar um creme branco, firme, brilhante e liso.
Cubra a torta já recheada com esse merengue, e leve ao forno quente por alguns minutos até o merengue dourar.

Sirva gelada!


 
Como o Richie fala em seu blog, o creme amarelo é bem diferente do que estamos acostumados feito com leite condensado. Não é tão doce e o sabor azedinho é equilibrado com o suspiro.
 
 

Beijos e abraços doces!!!

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

MIL FOLHAS DE BETERRABA E COGUMELOS COM MOLHO DE BAUNILHA


Ta difícil começar a dieta. Ainda estou pegando no tranco. Ontem, sem nenhuma vontade de comer algo menos calórico, resolvi correr para cozinha e usar isto como partido para criar um prato equilibrado e saudável. Lembrei-me de um prato que já fiz com pupunha, e também do consommé de cogumelos crus e tive a ideia do novo prato.



Confesso que experimentei o cogumelo cru e achei que não ficaria tão interessante como no consommé, resolvi dar uma leve salteada. Fatiei as beterrabas com a ajuda de um mandoline e as cozinhei em água e sal. Para o molho, utilizei a base de iogurte. Acrescentei meia fava de baunilha, azeite, pimenta moída na hora e sal.

Para montagem do prato, dispus o molho no fundo e intercalei com a beterraba e cogumelos. Ficou interessante. Mas com pupunha ficaria bemmmmmmm melhor.



Beijos e abraços pra quem consegue ser magro! Um dia eu chego lá.... rs